segunda-feira, 23 de agosto de 2010

[Ich liebe Deutsch]

Porque neste semestre finalmente comecei minhas tão esperadas aulas de alemão. E eu amo, amo, amo, amo.
E como tudo o mais que eu amo, aconteceu de repente. Em um momento, alemão era apenas mais uma língua. Agressiva, estranha, conhecida por mim apenas pelas gravações dos discursos de Hitler. Até que houve o momento seguinte.

Lembro como se fosse ontem. Eu conversando com um amigo virtual. "Preciso conhecer mais bandas", eu disse, "Estou enjoada das que conheço". "Ouve esta música, então", diz meu amigo, me enviando um arquivo.

Era Rammstein. Sonne. "Eins... zwei... drei... vier... funf... sechs... sieben... acht... neun" e pronto. Eu caí de amores. Deste dia em diante Rammstein nunca mais saiu do meu MP3. E é a única banda cujas músicas eu não consigo escolher. Pego todas, coloco no MP3 e torço para caber as de outros artistas no que sobrar dos 4Gb.

Mas meu momento de paixão ocorreu há 7 anos, mais ou menos. E só agora, finalmente, eu comecei a ter aulas de alemão. Como currículo na faculdade. De graça.
Com professora alemã autenticada em cartório. Norma Wucherpfennig. Conseguir pronunciar o sobrenome dela é minha próxima meta.

Por que alemão? Não vou negar: é uma língua agressiva e estranha. E difícil, devo acrescentar. Mas é ao mesmo tempo poética, melodiosa e expressiva como nenhuma outra. Dizem os boatos - e eu em boa parte concordo - que alemão é uma língua que possibilita entendimento mesmo quando o interlocutor não sabe uma única palavra. Suas palavras, sua entonação, sua musicalidade permitem, com certo esforço, que seja compreendida.

E poética. Goethe e seu Faust que o digam.

A língua da filosofia, da música, da expressão. Do expressionismo.

A língua de Mozart, Chopin, Beethoven, Wagner, Nietzsche, Freud, Einstein, Murnau, Klaus Kinski, Herzog. Além do já citado Goethe e de Kafka, que era tcheco mas escrevia em alemão. Tudo o que um dia ainda vou ler no original.

E uma língua para a qual eu sinto uma facilidade natural. É difícil, dificílima, mas é como se eu já conhecesse todas as palavras, entendesse a gramática, soubesse com os fonemas. Tudo só esperando para acordar na minha cabeça.

Por isso e por motivos que só ouvindo Rammstein ou Lacrimosa consigo entender é que Ich liebe Deutsch.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

[Outro Gato]

Não vivo sozinha. Há quatro anos e meio divido a vida com alguém especial. Quatro anos e meio vividos cá, lá e acolá.
Por um tempo fomos três. Eu, Ju e Jackulino Geraldo de Fátima, nosso gato. Nascido do outro lado do Oceano, nas kiwis terras da Nova Zelândia, foi nosso gato, nosso querido, nosso filhote. O terceiro membro desta pequena família.
Quis uma fatalidade que ele não nos acompanhasse em nosso retorno a territórios tupiniquins. Em menos de um mês nosso pequeno companheiro peludo adoeceu e nos deixou com saudades.
Um gato muito especial, nosso Jack. Ainda faz muita falta.

Mas eis que, há dois dias, enquanto Juliano retornava do trabalho, foi a hora de outro companheiro felino dar as caras. Paixão à primeira vista e, sem pensar muito, Ju enfiou-o na mochila e o trouxe para casa.
Para o apartamento, mais propriamente. Mas por tempo limitado, já que Juliano está de mudança para o interior. Para a chácara, onde nosso novo amigo terá bastante espaço para brincar, desde que saiba compartilhá-lo com Joe, o Collie. 

Depois de muito considerar, o batizamos de Fred. Já é crescidinho. Por volta de 10 meses, imagino. A veterinária dirá em alguns dias.
Muito educado, o menino. Não suja fora da caixinha. E observador, sempre atento a todos os nossos movimentos. Não se enturmou o suficiente ainda para começar a brincar, mas já ensaia uns movimentos.

E tem os olhos do Jack. Grandes, meigos, profundos. Mas amarelos, enquanto os do primogênito eram verdes. Um tanto assustador, pra dizer a verdade.

O que será dele? Não sei. Vou com calma, não quero criar muitas expectativas. Está livre para ir, se quiser, assim que chegarmos em Águas de São Pedro. 

Mas se ele quiser ficar, nossas portas e corações estão abertos.

terça-feira, 27 de julho de 2010

[O Consultório]

O Gato de Sapatilhas de balé é um ótimo amigo. A voz no fundo da minha cabeça, com quem eu converso, discuto e por vezes até brigo.

Porque é necessário ter um conselheiro imaginário com habilidades de guia intelectual e consultor sentimental. Só assim é possível - se é que é possível - manter um tantinho de lucidez.

***

Tempestades em copo d'água. Em um copinho pequeno, daqueles de plástico.
Sei que já fiz isso. Sei que ainda faço, ocasionalmente.
Mas é que às vezes eu pura e simplesmente não tenho a mínima paciência, sabe?

***

E a criação compulsiva de blogs é apenas uma das minhas manias.
Agora só preciso me reacostumar a escrever em mais de 140 caracteres. Culpem o Twitter.

Ah, mas bem vejo. A prolixidade é em mim como um órgão vital. Necessário. Utilitário.
Não terei dificuldades com esta missão. Não mesmo.

Já por hoje... Por hoje me dou por satisfeita.

Até a próxima consulta, Gato.